Luis Sepúlveda: an homage
- Sofia
- 29 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de dez. de 2020
O revolucionário que contava histórias sobre gaivotas e velhos que liam romances de amor.

Nunca tinha lido nada de Luis Sepúlveda antes da obra História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, mas foi o bastante para me apaixonar pela escrita deste autor chileno. Foi com grande tristeza que ouvi a notícia no Telejornal de que Luis Sepúlveda, com 70 anos, tinha morrido vítima de COVID-19. A 16 de abril de 2020, o mundo literário ficou mais pobre.
Tal como já referi, eu conhecia muito pouco deste autor e foi uma enorme surpresa que descobri, enquanto pesquisava para escrever este post, a vida difícil mas fantástica que teve.
Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949, e foi romancista, realizador, argumentista, jornalista e ativista político. A sua vontade de escrever surgiu por influência de uma professora de História. Desde muito jovem que os assuntos políticos e sociais lhe interessaram. Fez parte da Juventude Comunista do Chile e militou no Exército de Libertação Nacional do Partido Socialista, tendo que abandonar o seu país após o golpe militar de Augusto Pinochet. E foi nessa altura que descobriu, como o próprio disse, que “o primeiro dever de um exilado é o de continuar a viver”(1).
Sepúlveda viajou e trabalhou em vários países latinos, tais como Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. No Equador, viveu entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Em 1970 venceu o Prémio Casa das Américas pelo seu primeiro livro, Crónicas de Pedro Nadie, e também uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov de Moscovo, onde não ficou muito tempo uma vez que foi expulso da universidade por “atentado à moral proletária”(2).
Fez parte da Brigada Internacional Simon Bolívar e viveu em Hamburgo, na Alemanha, onde fez parte de um movimento ecologista. Casou-se duas vezes e, em 1997, foi viver para Gijón, em Espanha, na companhia da sua esposa, a poetisa Carmen Yáñez. Aí fundou e dirigiu o Salão do Livro Ibero-americano, destinado a promover o encontro de escritores, editores e livreiros latino-americanos com os seus homólogos europeus.
Escreveu muitas obras - todas elas traduzidas em Portugal -, das quais destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor (que dedicou a Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia) e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, mas todos os seus livros conquistaram a admiração de milhões de leitores.
Porém, em 2020, tornou-se o primeiro caso diagnosticado com COVID-19 nas Astúrias, e, passados poucos meses, faleceu vítima da doença.
Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas.
Será um escritor que deixará saudades, pois, tal como Teresa Calçada, comissária do Plano Nacional de Leitura, afirmou:
“Há escritores que fazem leitores. É o caso dele.”
Notas de rodapé
(1) Retirado do artigo: Luis Sepúlveda: "El primer deber de un exiliado es seguir viviendo"
(2) Retirado do site da Porto Editora (https://www.portoeditora.pt/autor/luis-sepulveda/6581)
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