The story of a seagull and the cat who taught her to fly
- Sofia
- 29 de dez. de 2020
- 4 min de leitura
Mayday! Mayday! Caiu-me um ovo de gaivota para o colo e agora parece que vou ter de o ensinar a voar.

Nome: História de una Gaviota y del Gato que le Enseño a Volar | A História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
Escritor: Luis Sepúlveda
País: Chile
Ano: 2010
Género: Juvenil
Sinopse
Esta é a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo. Um dia, uma formosa gaivota apanhada pela maldade dos humanos deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, um ovo que acabara de pôr. Sendo um gato de palavra, Zorbas cumprirá as três promessas que é obrigado a fazer. Com a graça de uma fábula e a força de uma parábola, Luís Sepúlveda oferece-nos neste seu livro já clássico uma mensagem de esperança de altíssimo valor literário e poético.
Crítica
Da primeira vez que vi este livro, apaixonei-me. Não sabia do que se tratava mas ainda assim decidi comprá-lo. Foi a primeira experiência que tive com este autor e gostei bastante.
O título é um bom resumo do que se trata esta narrativa. Era uma vez um gato chamado Zorbas, que não fazia mais nada senão ter uma vida de gato. Um dia, uma gaivota chamada Kengah, enquanto se alimentava no mar, é apanhada por uma maré negra de petróleo. Moribunda, voa sem destino e acaba na varanda da casa onde Zorbas se encontra, entregando-lhe o seu precioso ovo e fazendo-o prometer que não o irá comer, que cuidará dele e que ainda o ensinará a voar.
Sendo um gato honrado, Zorbas decide fazer o que prometeu e pede ajuda aos seus amigos: Coronello, um gato que acredita na disciplina e que gosta de falar italiano; Secretário, o gato que está sempre a tirar os miados da boca de Coronello; Sabetudo, o gato das enciclopédias; e Barlavento, o gato do mar. Juntos passam a cuidar da gaivotinha e, embora não saibam muito bem o que estão a fazer, tentam fazer o melhor que sabem.
As personagens de Sepúlveda são deliciosamente encantadoras, como se tivessem saído de uma fábula. Embora sejam várias e entrem na história praticamente todas ao mesmo tempo, isso não faz qualquer confusão ao leitor. O mais interessante é ver a sua visão dos humanos e do que eles fazem à natureza.
A escrita de Sepúlveda é direta e poética. Embora a narrativa se apresente como uma fábula, a linguagem não é adequada para crianças pequenas. Porém, acho que crianças mais velhinhas não terão problemas em compreender a história. Provavelmente por isso é que faz parte do Plano Nacional de Leitura e é um livro recomendado para o 7º ano de escolaridade.
A narrativa divide-se em duas partes: a vida antes do gato Zorbas conhecer Kengah, a gaivota; e o crescimento de Ditosa, o ovo.
Embora não seja hábito fazê-lo, tenho ainda de referir as ilustrações da edição da Porto Editora, pois são fabulosas e resumem muito bem o que vai sendo contado, fazendo com que fiquemos embrenhados ainda mais na história.
Relativamente ao final, este é o esperado mas isso não retira qualquer magia ao livro.
Sussurro do Coração
Luis Sepúlveda havia prometido aos filhos que um dia escreveria uma história sobre o mal que os humanos fazem ao ambiente, prejudicando-se a si e à natureza. E assim nasceu História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar. Repleta de simbolismo inserido nas ações e diálogos dos seus personagens, a narrativa fala-nos sobre a poluição marítima, nomeadamente o lixo que nós, humanos, atiramos para os oceanos e o mal que o petróleo faz aos animais. É notório o trabalho de pesquisa feito pelo autor quando lemos as suas descrições quanto ao destino de Kengah, a gaivota, após esta ficar imersa em petróleo.
Mesmo assim nem tudo é mau. O autor pelo meio das críticas, aborda assuntos não menos importantes, tais como a bondade, a confiança nos outros e em nós mesmos, a amizade, a entreajuda e a lealdade. E sendo um livro cujos protagonistas são um gato e uma gaivota, não me poderia esquecer da multiculturalidade.
Em determinado momento na história, Ditosa, a gaivota que o gato Zorbas toma conta como se fosse seu filhote, começa a duvidar de si mesma por ainda não conseguir voar e a pensar que talvez os gatos preferissem que ela fosse um deles. Algo que Zorbas acaba por lhe dizer que é completamente mentira:
“Queremos-te gaivota. Sentimos que também gostas de nós, que somos teus amigos, a tua família, e é bom que saibas que contigo aprendemos uma coisa que nos enche de orgulho: aprendemos a apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente. É muito fácil aceitar e gostar dos que são iguais a nós, mas fazê-lo com alguém diferente é muito difícil, e tu ajudaste-nos a consegui-lo.”
Com este momento, o autor faz-nos pensar quantos de nós já quiseram ser o que não são por acharem que é assim que os outros preferiam que fôssemos. É muito melhor quando somos todos diferentes, pois é assim que aprendemos uns com os outros. É um livro fantástico que merece ser escolhido para o tópico “Um livro que se lê na escola” do Ecletic Heart 30 Post Challenge.
E por fim, depois de nos brindar com tantas lições, Luis Sepúlveda deixa-nos mais uma com o desfecho da história. A lição de que se queremos alguma coisa, temos de a fazer acontecer.
" - Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante. - miou Zorbas. (....) - Que só voa quem se atreve a fazê-lo. - miou Zorbas.”
Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (10)
Comments