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Persuasion

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 12 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Caro Capitão, aceito a sua mão e espero que me perdoe pelo transtorno que lhe fiz passar.



Nome: Persuasion | Persuasão

Realizador: Adrian Shergold

País: Reino Unido

Ano: 2007

Duração: 92 minutos

Género: Drama, Romance

Sinopse:

Há alguns anos atrás, a jovem Anne Elliot apaixona-se pelo oficial Frederick Wentworth, mas devido à sua condição financeira é considerado um mau partido e Anne é persuadida a romper o relacionamento. Oito anos depois, Wentworth retorna à cidade com uma reputação e situação económica mais elevadas. Anne continua a amá-lo, mas será que ele ainda a ama?

Crítica

Existem várias adaptações das obras de Jane Austen. Porém, desta vez trago a adaptação de 2007 de uma das suas obras.

Persuasão conta-nos a história de Anne Elliot, uma jovem sensata e recatada, por quem a família demonstra ter muito pouca consideração. A narrativa começa logo com uma Anne muito atarefada, enquanto o resto da família, o seu pai Sir Walter Elliot e a sua irmã mais velha Elizabeth, se divertem no jardim. É com a chegada de Lady Russell, madrinha de Anne, que ficamos a saber das dificuldades financeiras dos Elliots e que a família, depois de muito se recusar a fazê-lo, decidiu arrendar Kellynch Hall e mudar-se para Bath. A propriedade é arrendada aos Croft e é assim que Anne acaba por se reencontrar com um amor antigo, o Capitão Wentworth. Os vários acontecimentos que vão decorrendo ao longo do filme acabam por obrigar tanto Anne como o Capitão a descobrirem-se novamente e a si mesmos.

Se há algo que eu adoro e me exaspera nas obras de J. Austen são as suas personagens e estas são bem diversificadas! Embora as características de cada uma estejam na interpretação dos atores escolhidos, eu tenho de confessar que achei a sua performance por vezes exagerada e noutras forçada, à exceção da atriz que interpretou a personagem de Elizabeth Elliot.

Quanto à parte técnica, este é um filme com belas paisagens e locais idílicos, que tem também alguns momentos de boa fotografia. Embora um pouco confuso para os olhos mas que achei interessante, foi a escolha do realizador em filmar certas cenas como se fossem o ponto de vista de Anne, bem como os momentos em que a atriz que a interpreta, olha para a câmara como se tentasse dizer algo que nós só podemos imaginar o que é. Relativamente à parte da caracterização, esta está de parabéns. As roupas são lindíssimas e parecem estar adequadas à época em que a história se passa.

Outro dos aspetos que adoro nesta película é a banda sonora. Martin Phipps é o compositor que nos vai envolvendo na história de Anne e Wentworth. Não considero que a OST seja muito extensa, mas as músicas vão acompanhando o desenrolar das cenas e dando um enorme ênfase à agonia que acompanha Anne e o ressentimento do Capitão. Com o passar do tempo, começamos a sentir a mesma ansiedade que a protagonista e a questionar se Wentworth realmente já não a ama. Na verdade, creio que é um dos pontos que salva esta adaptação da mediocridade.

O final, embora não surpreenda, consegue ser satisfatório. Há quem não goste desta película, preferindo a de 1995 (a qual ainda não vi), e eu até compreendo o motivo. A essência da obra está lá, mas cheia de alterações. Simon Burke, o argumentista, fez claramente um resumo do livro, e embora isso seja compreensível, a sua decisão em alterar pontos que provavelmente não necessitavam de ser alterados, fazem com que esta adaptação na verdade não passe de um filme baseado numa obra literária. Mesmo assim, não acho que seja uma má adaptação. Para ser sincera, apesar de tudo, é uma das minhas favoritas.


Sussurro do Coração

Jane Austen foi uma escritora britânica do século XVIII. Conhecida por usar a ironia para criticar a sociedade da época, escreveu antes de morrer um romance magnífico. Persuasão foi a sua última narrativa e é sobre um amor que teve de esperar o melhor momento para ser "concretizado", mas também é sobre não deixar que a sociedade nos esmague com o seu preconceito.

Austen dá-nos a perceção geral do que era a sociedade no seu tempo e o que realmente pensava através das suas personagens. Nesta narrativa isso não poderia ser mais óbvio, embora seja de uma forma subtil. Esta obra encanta-me exatamente por isso, pelo que está por detrás de cada uma das personagens. A maioria não passa de estereótipos. Austen marca a mudança no estatuto social: o surgimento dos novos ricos como Wentworth que ‘ultrapassam’ os antigos ricos como Sir Walter; e dá um recado importante com a sua protagonista, a sensata e altruísta Anne Elliot. Na sua época, uma mulher com 27 anos já era demasiado velha para casar ou para ter esperanças de um futuro melhor que não fosse a generosidade da sua família. No entanto, isso não é de todo verdade como Austen acaba por demonstrar no seu romance. No fundo, eu acredito que Persuasão foi um presente para ela própria, visto nunca ter casado. Mas temos outro exemplo, tais como as conversas sobre a inconstância da mulher e do homem, uma clara crítica aos poemas e textos escritos sobre esse assunto na época.

A verdade é que, em Persuasão, durante toda a história deparamo-nos com atitudes parvas e faltas de educação, o que acaba por nos obrigar, inconscientemente, a pensarmos se aquilo é certo ou errado. É uma narrativa que demonstra que nem sempre damos atenção a quem mais precisa de tão concentrados que estamos no nosso mundo, mas também faz-nos perguntar quantas vezes já fizemos coisas porque outros nos persuadiram, quantas vezes a sociedade nos influencia e nós nem sequer nos apercebemos disso. O ideal é sempre seguir a nossa intuição, o nosso coração e pensarmos por nós próprios! Temos de olhar pelos outros como Anne o faz, mas nunca podemos esquecer-nos de nós mesmos como ela vem a descobrir oito anos depois. Se nós não formos felizes, como é que poderemos fazer os outros verdadeiramente felizes?


E tendo em conta que é uma adaptação de uma obra de 1818 e a qual retrata essa mesma época, escolhi-a para o tópico “Um filme que se passa numa época diferente” do Ecletic Heart 30 Post Challenge.


Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (7)

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