Princess Mononoke
- Catarina
- 12 de dez. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 14 de fev. de 2021
Numa era em que os humanos vivem em harmonia com os deuses e animais… Ou será que não?

Nome: Mononoke Hime | A Princesa Mononoke
Realizador: Hayao Miyazaki
Ano: 1997
Formato: Filme
Duração: 135 min
Género: Fantasia, Ação, Aventura
Sinopse
Japão, Era Muromashi, num tempo em que as pessoas ainda conviviam com monstros e deuses. A história acompanha a vida do último Príncipe Guerreiro Emishi, Ashitaka. Com o intuito de salvar a sua aldeia, acaba por matar um javali possuído por um demónio, Tatari Gami, recebendo uma maldição em seu braço direito que apesar de lhe dar uma força extraordinária, vai matando-o aos poucos. O jovem príncipe acaba por abandonar a sua terra e segue para oeste, para procurar uma cura. Quando chega ao seu destino apercebe-se que a tal povoação se encontra em guerra com os Deuses Animais.
Crítica
Tenho de confessar que sou uma grande fã do trabalho de Hayao Miyazaki e dos filmes do Studio Ghibli. Como esta foi a primeira obra do realizador que vi, achei que deveria ser a primeira a analisar.
O filme começa com uma pequena introdução sobre a Era que se vive e o que outrora as florestas foram, mudando rapidamente para a apresentação de uma das personagens principais: o último Príncipe Guerreiro da Aldeia Emishi, Ashitaka. Conforme o seu título, ele tem uma personalidade guerreira e destemida, mas também é muito amável e anda sempre acompanhado do seu fiel amigo, Yakul, um alce vermelho.
O seu destino muda quando recebe uma maldição no seu braço que lhe encurta a vida e acaba por ter de abandonar a sua aldeia, mas sai em busca por uma cura. Pelo caminho conhece um monge que o aconselha a pedir ajuda ao Espírito da Floresta, onde existe uma povoação que é conhecida por Cidade de Ferro. No entanto, quando chega ao seu destino apercebe-se que a povoação se encontra em guerra com os Deuses Animais.
É neste momento que aparece a coprotagonista desta história: San, a Princesa Mononoke, que luta ao lado dos Deuses Animais. Ela foi criada pela Deusa Moro, uma loba, após ter sido abandonada pelos pais na floresta. Moro acabou por acolhê-la e criou-a no meio da tribo de Deuses Lobo. San é uma protetora dos animais e da natureza, fiel à sua tribo e possui um ódio pelos humanos e pela destruição que provocam nas florestas devido à sua ganância e às suas guerras.
A partir deste ponto o enredo flui rapidamente e tem como base três emoções dos sentimentos das personagens, que é sem dúvida umas das características mais marcantes desta obra.
Primeiro, o ódio de San pelos humanos que querem destruir a floresta é tão grande que ela chega a esquecer a sua própria humanidade, chegando mesmo a rejeitá-la. Os seus sentimentos só mudam quando ela conhece o Príncipe Ashitaka, apesar da desconfiança inicial, o sentimento que nutrem um pelo outro cresce e será o ponto de viragem da história.
Segundo, a ambição da chefe da aldeia, Lady Eboshi, e dos habitantes da Cidade de Ferro, que exploram todos os recursos naturais da floresta, destruindo a florestação, apenas porque desejam que as suas terras sejam um local bom e estável para se viver, mesmo que para isso tenham de matar todos os animais e derrubar todas as árvores.
Por último, o sofrimento dos animais que podemos encontrar em várias cenas ao longo do filme, desde a revolta dos macacos ao sofrimento dos javalis, e também, dos próprios lobos.
Nesta obra existe uma clara crítica à sociedade feita pelo realizador Hayao Miyazaki. Ele apresenta-nos uma visão do possível futuro do meio ambiente, centrada na perspetiva de uma mulher, San, de forma a desmistificar que o Japão viva em harmonia com a Natureza.
Sussurro do Coração
A Princesa Mononoke, assim como as outras obras deste realizador, caracterizam-se por retratar temas intemporais como a relação do Homem com o meio ambiente em que vive e o papel da mulher no Japão, mas também reflete sobre a própria história do Japão.
Através de personagens tipo, o realizador cria uma nova e genuína versão do papel da mulher no Japão em relação ao ícone tradicional feminino. Usa as mulheres da Cidade de Ferro e a sua chefa, a Lady Eboshi, que não vivem como meras donas de casa que tomam conta dos filhos, já que são elas que fazem grande parte do trabalho pesado da cidade. E sendo uma mulher que assume o principal papel de chefia da cidade faz com que todos os homens a respeitem.
Conforme já referi, um dos temas mais importantes retratados é a natureza. É um tema intemporal que desde que a revolução industrial aconteceu, a ambição do homem tem vindo a destruir o meio ambiente e vem contribuindo para as alterações climáticas que atualmente enfrentamos. Honestamente já não há muito que se possa dizer sobre este assunto, ou de como contrariar o rumo que levamos. Podemos e devemos tomar medidas para melhorar e atrasar os problemas. Contudo, é de louvar que um filme de 1997 tenha sido feito com o intuito de educar as crianças e de lhes mostrar o que as atitudes do ser humano podem causar no seu futuro.
Para terminar, quero falar de uma pequena curiosidade sobre a obra. Embora não seja baseada em factos históricos reais, o filme pertence à secção de animação histórica. De uma maneira distinta é a mediação da história japonesa, visto que fornece uma narrativa de alguns mitos da cultura e da sociedade japonesa. Isto inclui noções cruciais como a história, que fala da aristocracia do Guerreiro Samurai e dos conceitos idealizados de um Japão pós-moderno que quer viver numa raça homogénea e em harmonia com a natureza.
Escolhi este anime para integrar o Ecletic Heart 30 Post Challenge sob o tema “um anime que nunca sai de moda”, porque para todos os fãs deste género é imprescindível ver as obras de Hayao Miyazaki.
Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (10)
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