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Read Christie 2021: Peril at End House”

  • Foto do escritor: Sofia
    Sofia
  • 5 de mai. de 2021
  • 5 min de leitura

Meu caro Hastings, eu decidi reformar-me e, portanto, agora irei desvendar este mistério que está a dar com o meu moustache em doido!



Nome: Peril at End House | Perigo na Casa do Fundo

Escritor: Agatha Christie

País: Reino Unido

Ano: 1932

Género: Romance policial

Sinopse: Nick não é um nome vulgar numa mulher. Mas Nick Buckley não é uma jovem vulgar. Mais invulgar ainda é a quantidade de “acidentes” de que tem sido vítima: numa traiçoeira encosta da Cornualha, os travões do seu carro falham; mais tarde, num caminho costeiro, serão apenas alguns os centímetros que a separarão de uma derrocada; por fim, escapa por pouco quando um pesadíssimo quadro cai e quase a esmaga durante o sono. Serão estes “acidentes” meras coincidências? Após ter descoberto um buraco de bala no chapéu de Nick, Hercule Poirot decide que a jovem precisa da sua proteção. E começa a deslindar o mistério de um assassinato que não foi cometido. Ainda...


Crítica

Peril at End House é o livro do mês de Abril para o Read Christie 2021 Challenge, cujo tema é: uma história passada antes da Segunda Guerra Mundial.

Hercule Poirot está a passar umas férias bem merecidas na Cornualha e a aproveitar o ar fresco da maresia, quando um novo caso atravessa-se na sua frente e o intriga. Nick Buckley é uma jovem de espírito alegre e festivaleiro, que se vê envolvida numa série de “acidentes” e dos quais se salva milagrosamente. É através de mais um “acidente” que conhece Poirot e este percebe que a jovem está em perigo. Juntamente com o seu fiel companheiro Hastings, o famoso detetive inicia uma luta contra o tempo para evitar um crime que ainda não ocorreu.

Foi com expectativa que iniciei mais um novo mistério desta autora. O anterior não me tinha “enchido as medidas”, mas foi com entusiasmo que segui a temporada de férias de Poirot em St. Loo e a sua luta contra um assassino invisível. Gostei muito desta obra e ainda mais de ver Hercule desesperado em resolver o caso. Desta vez Agatha Christie fez o seu detetive transpirar e andar às voltas.

Como é habitual, a sua escrita é fluída e envolvente, levando-nos para o local e pondo-nos a pensar juntamente com Poirot.

Relativamente ao final, este é surpreendente, tal como a autora já nos tem habituado. Geralmente a explicação mais simples é a correta, e neste caso isso aplica-se. Até ao penúltimo capítulo estive com a cabeça às voltas sem conseguir chegar a um suspeito. Se há algo que já aprendi com esta autora é que, geralmente, os mais suspeitos são os inocentes na história, enquanto que os menos abordados são os criminosos. Porém, nesta história isso não se aplicava pois todos pareciam ter motivos. Creio que a resposta correta surgiu-me pouco antes de ser revelada por Poirot, embora eu continuasse a não saber o motivo do crime. Mais uma vez, acertei em parte no mistério, mas confesso que desta vez foi por pura sorte. Ainda assim, gostei imenso do final e achei-o muito satisfatório.


Sussurro do Coração

Peril at End House é o sétimo livro escrito pela autora, e foi considerado pela crítica “diabolicamente inteligente”, com o qual eu concordo plenamente. Publicado em 1932, foi mais tarde adaptado para teatro e televisão, não só no seu país de origem como também no estrangeiro, nomeadamente na Rússia, com o título Zagadka Endkhauza. Teve uma versão para um jogo de vídeo para computador, onde o jogador interpreta o papel de Poirot e investiga o caso, bem como uma adaptação em graphic novel.

Algo que ainda não tinha observado antes noutras obras, foram as várias referências a antigos casos de Poirot apresentados nesta obra. Podemos observar referências aos eventos ocorridos na obra The Mystery of the Blue Train (O Mistério do Comboio Azul). Também temos referência à obsessão de Poirot na organização, e o quanto isso o ajudou a resolver um caso no passado, uma referência indireta ao livro The Mysterious Affair at Styles; bem como uma questão colocada pelo Inspetor Japp a Poirot sobre a sua reforma, transporta-nos logo para o caso The Murder of Roger Ackroyd. E o mais divertido é sermos capazes de apanhar todas estas referências e identificá-las com facilidade.

“As relações são muito devastadoras por regra. Elas agitam e interferem. É muito mais divertido estar sozinho." (Nick Buckley, Peril at End House)

Agatha Christie nunca esteve verdadeiramente sozinha ao longo da sua vida. Em criança tinha os seus amigos imaginários e, já na vida adulta, estava sempre rodeada de amigos e família. Porém, chega um momento na nossa vida em que necessitamos de um tempo só nosso, para nos conhecermos melhor mas também para organizar as ideias.

Contudo, se há algo que aprendemos com o momento por que estamos a passar atualmente, é que todos precisamos uns dos outros. O ser humano não foi feito para viver sozinho. Precisa de convívio, de contacto físico, da mesma maneira que precisa de respirar. As relações dão muito trabalho. Já aqui falamos sobre isso. Todas as relações, sejam elas familiares, amorosas, de amizade ou de trabalho, requerem trabalho e dedicação. E, tendo em conta que cada um tem a sua personalidade e nem sempre coloca o mesmo esforço que nós colocamos naquela relação, os conflitos tendem a surgir, agitando-nos por dentro. Seria melhor ficar sozinho? Talvez, mas sabemos que isso não é possível. Todos precisamos uns dos outros inevitavelmente. Além disso, quando estamos com as pessoas de quem gostamos, tudo se torna mais divertido.

“O mal nunca fica impune, Monsieur. Mas a punição às vezes é secreta.” (Hercule Poirot, Peril at End House)"

Em todos os livros de Agatha Christie, ou melhor, em todos os livros de crime e mistério, o leitor espera que o criminoso seja culpabilizado, o mistério desvendado e aquele personagem que nos irrita sofra algum castigo por ser apenas muito chato. Não é? Porém, tal como na vida real, muitas vezes a punição é secreta. Quantas vezes desejamos apenas ser felizes e respeitados, que ninguém perturbe a nossa paz, mas há sempre aquela criatura que decide invejar-nos e dificultar-nos a vida por causa disso?

Se há coisa que eu cada vez mais acredito é no Karma, e eu acho que a autora também acreditava, pois muitas vezes as punições que dá a algumas personagens parecem divinas. Nem sempre o castigo vem quando queremos, mas ele inevitavelmente acaba por chegar. O Universo trata com que isso aconteça. E, sim, muitas vezes, nem chegamos a ver esse castigo acontecer pois ele revela-se secreto. Porém, ele sempre chega. Já ouviram aquela expressão “What goes around, comes around” (o que vai, volta) ? É a chamada Lei do Retorno, e acreditem que esta é poderosa!

"Realmente, meu amigo! Mas eu não vou me sentar e dizer ‘le bon Dieu organizou tudo, não vou interferir’. Porque estou convencido de que le bon Dieu criou Hercule Poirot com o expresso propósito de interferir. É o meu métier." (Hercule Poirot, Peril at End House)"

E ainda bem que assim é, não acham?


Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (10)



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