Rose Madder
- Sofia
- 5 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
E se o Norman Bates do filme Psycho te começasse a perseguir? Fugias ou ias comprar um quadro?

Nome: Rose Madder | O Retrato de Rose Madder
Escritor: Stephen King
País: Estados Unidos da América
Ano: 1995
Género: Fantasia, Horror
Sinopse
Ao fim de anos de um casamento terrível, Rose resolve fugir de casa. Decidida, parte para uma cidade estranha onde pensa construir uma nova vida. Porém, o medo nunca a abandona. O seu marido, Norman Daniels, é um polícia competente que tudo fará para a encontrar e a castigar. Para lhe escapar, Rose terá de se transformar numa mulher que nunca imaginou ser: Rose Madder.
Crítica
Stephen King é conhecido pela capacidade que tem em envolver o leitor nas suas tramas e, por isso, achei que estava na altura de experimentar a escrita deste senhor. Devo dizer que não fiquei desapontada.
A obra retrata um caso de violência doméstica, onde Rose Daniels é uma mulher que, após 14 anos de sofrimento e abusos constantes, decide fugir de casa e do seu marido, Norman Daniels, um polícia experiente e psicopata que não descansará enquanto não a encontrar e a fizer pagar pela sua ousadia.
Ao longo de toda a história, há uma tensão no ar que faz com que o leitor não consiga pousar o livro. Gostei bastante da forma como todas as personagens parecem reais, e ainda do contraste e da importância que cada uma delas vai tendo na história. O modo como o autor decidiu descrevê-las, cria uma imagem muito vívida e distinta na nossa cabeça. Por exemplo, Rose é descrita como uma mulher frágil mas ainda assim de espírito forte; já Norman é “comparado” ao personagem de Hitchcock do filme Psycho, Norman Bates.
Entre o ponto de vista de Rose e o ponto de vista de Norman, vamos nos embrenhando neste jogo de gato e rato sem sequer nos apercebermos disso. A escrita de Stephen King é fluída e corriqueira, sem, no entanto, cair na vulgaridade. O autor consegue, de modo brilhante, entrar na mente de um homem demente e, de alguma forma, justificar as atitudes deste, o que torna a história ainda mais arrepiante.
Porém, houve um aspeto que me fez sentir um pouco confusa. Nesta história, o autor decidiu incluir elementos mitológicos da Grécia Antiga. Embora a metáfora seja inteligente, houve momentos em que senti que estava a ler duas histórias diferentes, que se iam cruzando de tempos a tempos. Não sei se não teria sido melhor deixar a parte do sobrenatural de fora e focar a narrativa na história de Norman e Rose.
Tenho de salientar o final da obra, pois o autor conseguiu surpreender-me. Não sei se iria optar por aquele final caso fosse eu a escrever a obra, mas foi inesperado.
Sussurro do Coração
Em suma, O Retrato de Rose Madder é uma leitura envolvente, que aborda um assunto intemporal e que nos faz pensar sobre ele e na noção de justiça. Nesta história, conseguimos ter uma pequena ideia dos efeitos que a violência doméstica tem sobre as suas vítimas, o terror que sentem e os horrores por que passam. Houve momentos em que não consegui deixar de me sentir enjoada ao ler certas passagens e tive de parar a leitura para poder recobrar o fôlego. Algumas delas são tão impensáveis e cruéis que mal as conseguia imaginar na minha cabeça.
Stephen King também toca nos temas do racismo e homofobia através da personagem de Norman.
Considero que o autor está de parabéns pela forma como aborda o tema principal e o vai desenvolvendo ao longo da trama. É uma obra que recomendo para quem gosta de livros com temas fortes e interessantes.
E exatamente por isso o escolhi para entrar no Ecletic Heart 30 Post Challenge, no tópico “Um livro sobre uma história que podia ser real", pois é uma narrativa que infelizmente muitas vezes chega a ser uma realidade.
Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (9)
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