The K2

Era uma vez um rei casado com uma bruxa que mantinha presa a sua filha. Até que chegou um lobo armado com uma pistola e virou a história de pernas para o ar.

Nome: 더 케이투 | The K2

País: Coreia do Sul

Ano: 2016

Estado: Completa

Episódios: 16

Duração: 60 minutos

Género: Ação, Drama, Política

Sinopse:

Kim Je Ha é um ex-soldado, também conhecido como ‘K2’, que é contratado como guarda-costas por Choi Yoo Jin. Sendo a esposa do principal candidato à presidência, Jang Se Joon, Yoo Jin de tudo faz para esconder Go Anna, a filha ilegítima do marido. Porém, a vida de todos irá sofrer uma reviravolta quando K2 é designado para vigiar Anna.

Crítica

Aconselhada pela minha prima, comecei por ver este drama. Mal eu sabia que me iria apaixonar completamente pelo personagem Kim Je Ha, e tornar-me fã do ator que lhe dá vida.

The K2 é um drama coreano com um enredo complexo, cheio de reviravoltas e que nos leva para o mundo da política. Mundo esse para o qual não estamos preparados, tais são as falcatruas e estratagemas usados para vencer.

Ji Chang Wook é o ator que interpreta Kim Je Ha, um ex-soldado mercenário conhecido como ‘K2’. Embora no início se perceba que está a fugir de alguma coisa, só mais para a frente é que descobrimos do que se trata e compreendemos os seus motivos para a sua insistência em aparentar frieza. Porém, K2 é uma personagem calorosa, inteligente e determinada. Em Barcelona, Espanha, o seu caminho cruza-se com Go Anna (Im Yoon Ah) quando esta está a fugir dos seus raptores. Nessa altura, apesar desta lhe pedir ajuda, K2 opta por não se envolver. Contudo, os seus destinos cruzam-se novamente quando o protagonista volta ao seu país natal, a Coreia do Sul. K2 é contratado para guarda-costas de Anna, por Choi Yoo Jin (Song Yoon Ah), uma mulher ambiciosa e impiedosa que se esconde por detrás do papel da esposa perfeita de Jang Se Joon (Jo Sung Ha), candidato à presidência.

Logo de início temos um vislumbre da teia que envolve Go Anna, Jang Se Joon e Choi Yoo Jin. Contudo, esta teia adensa-se com outras histórias, nomeadamente o passado de K2, a corrida à presidência e ainda o controlo das empresas da família de Choi Yoo Jin, entre outras.

Da mesma forma que na vida real não somos só bons ou maus, nesta narrativa acontece o mesmo. É impossível só classificar Yoo Jin como a vilã. Na verdade, com o avançar da história, acabamos por ver a personagem de Song Yoon Ah como alguém com sentimentos e criamos alguma empatia com ela. Não conhecia a atriz mas gostei bastante do seu trabalho.

Outra personagem que vai evoluindo ao longo da trama é Go Anna. De menina frágil, acaba por se revelar uma mulher forte. Gostei bastante de ver essa pequena evolução, mostrando que não temos de ser vítimas a vida toda. Porém, a sua participação não é tão forte como a dos restantes personagens, o que achei uma pena.

Quanto à parte da direção gráfica, The K2 tem bons planos, uma boa fotografia e ainda excelentes efeitos especiais. Uma das minhas partes favoritas foi a das lutas. A cena do balneário ficará para sempre marcada na minha mente.

Outro aspeto de que gostei foi a forma como optaram filmar os ataques de pânico de Go Anna, mostrando assim um pouco de como as pessoas se sentem nesses momentos.

Relativamente à banda sonora, os dramas coreanos têm tendência a apresentar boas músicas e este não é exceção. A OST de The K2 traz-nos muita música instrumental com um misto de música lírica e sacra. Absolutamente fenomenal! Isso é outro motivo que faz o drama ser interessante, pois a música acompanha cada momento importante que vai sendo contado na história.

Quando me apercebi que faltavam poucos episódios para terminar a narrativa, comecei a stressar pois ainda havia muita coisa para ser resolvida, mas o que é certo é que quando terminamos de ver o último episódio sentimo-nos satisfeitos. Embora os últimos episódios sejam de tirar o fôlego (bem como o resto do drama), tudo acaba por ser resolvido e explicado.

Sussurro do Coração

São vários os assuntos abordados em The K2, sendo uma grande parte deles de forma subtil. O mundo da política e os estratagemas usados para vencer as diversas etapas de uma eleição é um dos temas principais. Isso fez-me pensar que esse mundo é muito mais sinistro do que talvez nós imaginamos e que nem sempre as pessoas são o que aparentam ser, como acabamos por descobrir com o casal Choi Yoo Jin e Jang Se Joon. Mas esse é um assunto que irei abordar mais para a frente.

“Uma bala não é a única coisa que pode matar uma pessoa, sabia?” (Choi Yoo Jin, The K2)

Outro dos assuntos é a facilidade com que se pode incriminar uma pessoa, bem como a quantidade de soldados que são traídos pelo seu próprio país depois de terem lutado por ele e enfrentado momentos difíceis, e os quais não sabemos nada na maioria das vezes até ocorrer um escândalo. Tudo isto é abordado através da história do protagonista, a qual vai sendo revelada aos poucos ao longo do drama.

Também a história de K2 leva-nos para outro assunto: o Médio Oriente como cenário de negócios ilícitos e as consequências que daí advêm para todos os envolvidos voluntária ou involuntariamente.

E depois temos Go Anna, que nos leva a pensar em como as memórias das crianças podem afetar a vida adulta. Fala-se na fragilidade das crianças e na importância da infância. É verdade que as crianças são seres que merecem proteção seja em que parte do mundo for, mas elas conseguem ser mais fortes do que imaginamos. E a infância é um momento importante na vida do ser humano, é lá que aprende as lições principais para se tornar um bom adulto. Porém, quando ocorrem traumas, se estes não forem resolvidos, irão atormentar a mente dessa pessoa para o resto da vida. Go Anna revela-se uma personagem frágil por fora mas forte por dentro, que, infelizmente, se torna um boneco que é atirado de lá para cá ao longo de toda a trama. Mesmo assim, o seu trauma é várias vezes abordado na história, fazendo-nos pensar sobre ele e sobre a teia que a envolve.

E nessa teia está o casal Choi Yoo Jin e Jang Se Joon, que se apresentam como o par perfeito. Contudo, rapidamente percebemos que isso está longe de acontecer. Como já referi, Choi Yoo Jin é representada como a vilã da história, mas esta personagem tem muito mais a oferecer do que isso, porque assim que começamos a conhecer um pouco mais do seu passado, não conseguimos deixar de sentir empatia por ela. E o mesmo acontece com Jang Se Joon, que é visto como o 'pobre' marido da vilã, mas que se revela uma personagem muito mais complexa do que isso.

Este casal fez-me pensar na quantidade de vezes que julgamos as pessoas de uma determinada forma, mas não fazemos ideia da sua história ou da sua essência.

Em suma, The K2 não é só um drama sobre política e problemas familiares. É uma trama que nos fala sobre dor e especialmente na capacidade de sentirmos a dor do outro como se fosse nossa. E nem sempre somos capazes disso, ou somos?

“Porque vocês são tão sensíveis à sua própria dor, enquanto a dor dos outros não significa nada para vocês. Mas sabe, as outras pessoas também sofrem, assim como vocês.” (Kim Je Ha, The K2)

Escolhi este drama para o tópico “Um drama com a tua OST favorita” para o Ecletic Heart 30 Post Challenge, pois tal como referi, a OST neste drama é fenomenal.

Avaliação - 🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉🟉 (10)